domingo, 15 de julho de 2012

A canção de minha vida

 Por fora, posso parecer feliz, satisfeita, bem-sucedida, determinada, mas às vezes uma lágrima se disfarça em sorriso e inunda por dentro.
 Vi-me muitas vezes no chão chorando, reclamando de como pude deixar tudo se tornar tão devastador para os meus planos. Foi quando decidi de vez transformar meus pensamentos em palavras e tornar livre o meu consciente e inconsciente para se expressar. Eu estava chateada com as minhas decisões e pondo em risco diversas vezes o meu autocontrole, indecisa, com grande probabilidade de desistência por ausência de coragem de tentar novamente o que um dia já fora bem-sucedido, por medo de fracassar e superar o número de sucessos de uma vida inteira. Eu não entendia que sem tentativas o meu mundo interior me tornaria perdedora da minha própria guerra, não somente de uma batalha qualquer. Quando tentamos, damos a oportunidade de nossos sonhos transcenderem quaisquer expectativas que tornariam nula nossa luta. Já somos vencedores por estarmos aqui.

 Estava insatisfeita com minha falta de controle, falta de coragem, com minha vida. Poderia parecer fútil para a maioria que soubesse a situação pela qual passava e a qual me sujeitava, agindo como se vivesse em um reino mágico rodeada de fadas encantadas e unicórnios. Era bem maior do que qualquer percepção alheia. Se a minha felicidade fosse uma música instrumental criada propriamente para ser tocada por apenas um instrumento, o piano, este, seria o objetivo, metaforicamente, o sonhos almejando a realidade, sendo formado por pequenos desejos, suas teclas, as mesmas que juntas compunham uma bela canção, tocada por mim, autora desta sincronização musical, a qual as notas dançariam docemente em quaisquer ouvidos. Mas o resultado teria de ser a combinação perfeita de peças, parte por parte, tecla por tecla, nota por nota e cada componente necessário para a criação de uma doce canção. E assim, cada nota alcançada seria uma meta por mim determinada e atingida até que reunidas tornassem a canção de minha vida. Estar satisfeita e feliz com o reflexo do espelho sobre mim, sentindo o amor que me cercava, ao lado de muitos outros desejos aspirando ao triunfo, era como cada tecla ali composta naquele instrumento. Mas eu construí esse piano porque tentei. Se eu nunca tivesse experimentado a vibração de cada tom, talvez nunca teria interpretado a canção de minha vida com tanto amor e verdade. 

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