terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Residente permanente

 Eu vivi bastante, o suficiente até conhecê-lo e só assim ter um motivo para viver.

 É como se todo o mal ficasse no asfalto e de lá se enterrasse para nunca mais me encontrar. Sim, agi como uma idiota. O que eu estava pensando? Aquele hóspede residiria ali por toda a eternidade. Era definitivo. E eu achando que poderia trair minha consciência.

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Ingenuidade

  Lembro-me de quando era mais nova e não sabia o que era palavra. Mal conhecia seu extenso poder e quão significante seria. Mal sabia usá-la e nem que um dia me escaparia.

sábado, 18 de setembro de 2010

Dignidade

  A honra é o respeito concedido a si, estima que acompanha a virtude do homem. É o sentimento buscado em manutenção de um bom nome e dignidade. Feliz é aquele que honra, determinando seu caráter, através de honestidade, personalidade, respeito entre outras características que formam a essência do ser humano.
  Honrar é valorizar sua integridade. É provar de maneira incontestável que há respeito ao semelhante. É consagrar aqueles que respeitamos. É ser inspirado pela virtude, a qual considerada companheira da verdade.

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Abraço

  Os homens se abraçam, as almas entrelaçam.

  O abraço. Sempre desconheci seu poder. O mundo se acalma até se calar, tornando inofensivo tudo aquilo que possivelmente nos afetaria. Nada coincide. Procurei palavras para uma descrição admissível, mas nada se iguala a essa ação condutora de sentimentos emudecidos. Talvez como se sentir acolhida de um mundo turbulento, tendo subitamente o maior e melhor escudo próximo a mim. Recuso interpretar.

terça-feira, 7 de setembro de 2010

Ardor

  Quero ser a imagem refletida em teus olhos eternamente.
  Tua ausência faz doer o que ainda resta em mim. Saudades do que ainda não vi.

  Meu feitiço, sinto-me totalmente entregue a tuas magias e encantos.
  Minha cura, trate este amor viciante derramado em êxtase.
  Minha lágrima, o sentimento aprofundado que faz calar o que não quero ouvir.
  Inspiração, que faz nascer o entusiasmo de minha obra.
  Quero a ti com o desejo carnal de meu ser.
  Quero receber a impressão de qualquer de teus sentidos próximo ao meu corpo carecido de emoções.
  Quero o término de um amor ilusório para dar início a um amor igualado às leis da Terra.
  Quero sentir flamejar meus olhos ao ter neles tua imagem.
  Quero a ti, minha exatidão, como o amor que arde sem saber, fogo que incendeia minha alma.

sábado, 4 de setembro de 2010

Particípio traído

  O amor iludido, jamais compreendido, já fora esquecido por aquele ferido. E o desejo prometido, nunca percebido, tornara-se proibido a quem o fizera sentido. Mas agora o repartido se transformava em perigo, por ter sido o motivo de um amor contundido. Está destruído... Falecido... Era o fim doído/do -ido.

quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Desacertos

  Nosso maior desafio é desvendar o que há por trás de cada migalha de nós mesmos.

  O incrível é saber que mesmo passando-se anos as pessoas ainda conseguem ser algo que nunca transpareceram ser. Seres humanos são incompreensíveis. Vivemos em um mundo em que o bem está a um nível elevado. Está além do que a maioria pode alcançar.
  A vida faz questão de nos mostrar como é a realidade. Entretanto, basta a nós querermos torná-la perceptível. Admitir que estamos nos repartindo cada vez que tentamos nos remontar. Admitir que as soluções só não estão à frente de quem não quer enxergar. Aceitar que nós criamos os erros para ter quem culpar. Perceber que a vida só é decretada como injusta, quando na verdade somos nós quem a criamos. Somos nós quem a vemos. Somos advogados da infelicidade e nem percebemos.
  Estamos predestinados a um mundo ao qual não queremos pertencer. E quem dita isso? O coração, o único que consegue enxergar o que os nossos olhos não são capazes de ver. Não é um desafio segui-lo, mas sim saber que ele existe. Saber que ele sempre esteve ali, uma migalha do nosso eu.
  O mundo é composto por seres inconscientes implorando por consciência. Uma contradição subjugada. E de que adiantarão essas palavras? Não adiantarão. A influência externa é centenas de vezes superior a um pensamento irresoluto de quem supostamente deu início a tudo. Os males permaneceram, porque os seres humanos souberam instruí-los.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

Anelos

Sempre temi o amor, embora o quisesse.

Eu queria poder controlar tudo o que você me faz sentir a cada nível do meu ser.
Eu queria poder preencher o vazio causado pela ausência de seu corpo.
Eu queria poder compartilhar o segredo do meu beijo.
Eu queria poder enxergar o resto do mundo.
Eu queria poder ter você.
Mas era claro, eu temia o amor.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Esperança quimérica

  Há algum tempo, apaixonei-me. Essa paixão me causou traumas, felizmente com eles amadureci. Se sou o agora, sou grata a esse amor que me domou um dia. Não me fez bem, mas me tornou melhor. Hoje, não mais cometerei os mesmos erros e saberei ao certo para que lado caminhar.
  Tais experiências me fizeram crer que o supérfulo ofusca o que há de valioso. Está além do que nossos olhos podem ver. Escapa à nossa vista. Está escondido e será achado por quem merece conhecer.
  Foi preciso tempo para curar o que se foi ferido. Nem sempre a cura é o melhor refúgio, é necessário aturar até o fim. Em meio de um amor malsucedido, o fim para a dor é uma incógnita. Não desisti. Acabei encontrando respostas do que precisava saber, do que se era, até então, desconhecido. Agora, desfruto apenas de vestígios de lembranças que permanecerão junto a mim por todo caminho a ser seguido.

domingo, 29 de agosto de 2010

Identidade

   Deram a mim dons, porém ao mundo males espalhei. Fui a primeira a ser sentida e última a sentir. Culparam-me pelo mal, mas não me reconheceram pelo bem. Fui obrigada a suportar.
   Sou, agora, o lado oculto dos seres, curiosidade dos desejos, um enigma de prazeres. Sou quem aguarda ser decifrada pela verdade ou comparada ao irreal. Sou quem induz ao erro de amar e administrar o bem oriundo do mal. Sou quem interpreta a vida àqueles que aspiram à incapacidade de entender. Não esclareço perguntas, subentendo respostas. Posso ser o paraíso ou a que se opõe. Sou o claro. Sou o escuro. Sou Pandora.